Sobre

Quem é o Autor? A Jornada de um Investigador

Sérgio da Silva


Minha carreira não começou em observatórios astronômicos ou em hangares secretos da Força Aérea, mas nas ruas de São Paulo. Como Major aposentado da Polícia Militar, minha formação foi forjada na realidade do trabalho policial. No entanto, meu verdadeiro treinamento como investigador não se deu na linha de frente, mas nos bastidores: nas muitas salas em que trabalhei com sindicâncias, inquéritos e processos administrativos, ouvindo testemunhas e acusados, lendo laudos periciais de médicos legistas, de psicólogos ou da polícia científica.
Foi ali, lidando com processos, que aprendi a arte de separar fato de ficção. Aprendi a identificar as narrativas construídas, as contradições veladas e as falácias lógicas de defesas astutas. Meu trabalho era questionar, analisar evidências e, acima de tudo, nunca aceitar uma história apenas por sua aparência, especialmente quando confrontado por quem não estava disposto a revelar a verdade. Essa disciplina mental, forjada ao longo de anos, tornou-se a ferramenta fundamental que eu levaria para um campo de investigação completamente diferente.
Como tantos outros, meu fascínio pelo fenômeno OVNI começou na adolescência, com a leitura de “Eram os Deuses Astronautas?”. Por anos, fui um defensor da ideia de que éramos visitados por seres em naves espaciais. Contudo, quando o investigador profissional em mim se voltou para esse antigo interesse, ocorreu uma colisão. Meu pensamento lógico, treinado para não se apoiar em pressuposições, me forçou a uma conclusão inevitável: a crença na existência de vida extraterrestre não podia ser um substituto para a evidência de sua presença aqui.
Comecei a pesquisar, e minhas antigas convicções, motivadas por Däniken, ruíram sob o peso dos fatos. Foi um processo de desintoxicação que deu origem a novas convicções, estas sim, fundamentadas em análise crítica. Esse processo investigativo culminou, em 2013, na primeira edição de “Anjos Mentirosos”. Tempos depois, retirei o ebook do ar, sentindo que a vasta quantidade de informações técnicas precisava ser reformulada para uma leitura mais acessível e envolvente, sem sacrificar o rigor. Agora, em 2025, a obra renasce, e espero ter o privilégio de compartilhar essa jornada com você.
Não me considero um “ufólogo”. Minha abordagem não vem de telescópios, mas de análises técnicas e declarações. A carreira policial me ensinou que um criminoso inteligente raramente revela sua verdadeira identidade ou propósito. Ele se apresenta com muitos nomes, quando possível, conta histórias contraditórias e usa a dissimulação como sua principal arma. O trabalho do investigador não é acreditar na primeira confissão, mas analisar os padrões, separar as mentiras da verdade e, acima de tudo, entender o que se esconde por trás da fachada.
O fenômeno OVNI, para mim, é exatamente esse suspeito. Ele resiste a uma identificação simples e se apresenta como aquilo que desejamos — ou tememos — ver. Minha convicção, forjada por essa longa investigação, é clara: o fenômeno é real, mas sua natureza não é a de um visitante. É, em sua essência, a de um mestre do engano.